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Mensagem de Audrey Azoulay, Diretora-Geral da UNESCO,
por ocasião do Dia Internacional dos Direitos Humanos
10 de dezembro de 2020
"Negar às pessoas os seus direitos humanos é questionar a sua própria humanidade", afirmou
Nelson Mandela, defensor por excelência desse "ideal comum" definido pela Declaração
Universal dos Direitos Humanos de 1948.
Ao celebrarmos o Dia Internacional dos Direitos Humanos, estas palavras ganham um sentido
ainda mais especial neste momento difícil para a comunidade internacional.
De facto, a pandemia exacerbou velhas feridas, agravou as desigualdades, aumentou a violência
contra as mulheres e atingiu duramente as mais vulneráveis.
É precisamente por este motivo que esta crise nos dá a todos a oportunidade de colocarmos os
direitos humanos no centro do nosso projeto comum, para "reconstruir melhor", tema deste
ano 2020.
O mandato da UNESCO adquire deste modo uma profunda pertinência, sustentada numa
convicção humanista: um mundo mais harmonioso basear-se-á nos pilares universais da cultura,
da educação, da ciência e da informação.
Assim, desde o início da pandemia, trabalhamos incansavelmente, em todas as nossas áreas de
competência, nomeadamente para lutar contra as manifestações de racismo e xenofobia, que
podem ter aumentado neste contexto.
Este é o sentido do nosso trabalho no âmbito da Coligação Internacional de Cidades Inclusivas e
Sustentáveis da UNESCO. Escolhemos as cidades como espaços privilegiados para formular uma
resposta contra todas as formas de discriminação, exclusão e violação dos direitos inalienáveis,
pois estes são a condição indispensável para a nossa dignidade.
Além disso, a pandemia demonstrou, mais do que nunca, o valor da investigação científica e
fomentou o desenvolvimento de ferramentas digitais adaptadas aos desafios do nosso tempo.
A UNESCO está assim empenhada em promover um progresso científico humanista através da
elaboração de dois instrumentos normativos sobre a ética da inteligência artificial e sobre a
ciência aberta.
Por último, este Dia Internacional constitui uma oportunidade para reafirmarmos o nosso
compromisso com outro destes direitos fundamentais, o direito à educação, proclamado no
Artigo 26o da Declaração Universal dos Direitos Humanos: "Toda a pessoa tem direito à
educação".
Esta Declaração deve ser, mais do que nunca, a nossa referência, porque, recordando as palavras
de Eleanor Roosevelt no momento da sua adoção, elevará os direitos de todos e cada um, em
todas as regiões do mundo, e permitirá o acesso a "melhores condições de vida e a uma
liberdade mais ampla".
Neste Dia Internacional dos Direitos Humanos, recordemos assim que os direitos humanos não
são um dado adquirido para sempre, são antes uma conquista diária, para a qual devemos
mobilizar-nos agora e no futuro.