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Mensagem de Audrey Azoulay, Diretora-Geral da UNESCO,
por ocasião do Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres
25 de novembro de 2020
Num momento em que o mundo enfrenta uma crise sanitária, económica e social sem
precedentes, não devemos esquecer que a pandemia de Covid-19 se sobrepõe a uma "pandemia
de sombras", a da violência contra raparigas e mulheres.
Antes da pandemia, estimava-se que, todos os anos, 243 milhões de mulheres e raparigas entre
os 15 e os 49 anos de idade eram vítimas de violência física ou sexual perpetradas por um
membro da sua família imediata.
Infelizmente, é provável que este número aumente, uma vez que muitas raparigas e mulheres
tiveram de ser confinadas com os seus agressores. Segundo dados disponíveis em muitos países,
a violência doméstica já aumentou, em média, 30%.
As raparigas também parecem estar numa situação de risco muito elevado: de acordo com a
ONG Save the Children, poderá haver mais um milhão de gravidezes forçadas em 2020, e mais
dois milhões de mutilações genitais nos próximos 10 anos.
Contudo, esta violência não é apenas física: é também económica e social. Está, ao mesmo
tempo, a ramificar-se cada vez mais online, tomando nomeadamente a forma de assédio sexual
nas plataformas e redes.
Todas estas formas de violência vêm de longe: estão enraizadas nas mentalidades e nas
desigualdades sistémicas de género. Devemos, portanto, combater as causas profundas desta
violência e dos estereótipos de género para construirmos a igualdade na mente das pessoas.
A UNESCO, que fez da igualdade de género uma prioridade transversal, trabalha
incansavelmente para alcançar este objetivo. A nossa Organização está a trabalhar, em primeiro
lugar, na urgência da crise sanitária, para assegurar que todas as raparigas encontrem o seu
caminho de volta à escola - 11 milhões de raparigas estão hoje em risco de serem deixadas pelo
caminho.
A nossa Organização também desenvolve ações de longo prazo contra a persistência dos
preconceitos ajudando a desconstruir os estereótipos por vezes contidos nos manuais escolares,
promovendo as carreiras científicas de raparigas e mulheres, apoiando mulheres jornalistas
vítimas de assédio e combatendo os preconceitos que circulam através das tecnologias online -
este é nomeadamente o sentido do nosso empenho em definir os princípios éticos da
inteligência artificial.
Em termos mais gerais, a luta contra a violência perpetrada contra as mulheres diz respeito a
todos e cada um de nós- incluindo, naturalmente, os homens e os rapazes cujo papel é essencial.
Neste Dia Internacional, a UNESCO deseja apelar a uma ampla consciência cidadã e humanista
para expor à luz do dia esta pandemia de sombras que tão seriamente ameaça os nossos valores
e as nossas sociedades.